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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O cometa Halley e a República


O cometa Halley no ano da implantação da República (fotografado em 3 de Maio de 1910)
in Illustração Portugueza n.º221, de 16 de Maio de 1910

Ao longo da última semana, várias turmas, do 7.º ano, assistiram à apresentação de um powerpoint elaborado pelo Núcleo de Investigação de Astronomia da Cidadela (N.I.A.C.), em articulação com a Biblioteca Escolar e as comemorações do Centenário da República Portuguesa. Tem sido uma actividade muito apreciada pelos alunos, assim como pelos docentes que os acompanham.
Em 1910, muitas foram as notícias especulativas sobre o suposto efeito letal do gás da cauda do Cometa Halley causando uma onda de pânico, que culminou com a morte de várias pessoas que, não querendo morrer "(es)gaseadas", preferiam suicidar-se. A mística do Halley é escrita com muitas lendas, superstições, avanços científicos e tragédias. É uma espécie de popstar dos objectos cometários - bolas de gelo e poeiras formadas aquando do sistema solar.
Observado há muitos séculos e de grandes dimensões, o Halley insere-se na categoria dos cometas periódicos. As suas passagens foram, ao longo da História, conotadas como um presságio dos céus para cataclismos naturais e sociais na Terra. Em 1910, uma série de notícias a respeito do cianogénio, gás letal presente na cauda do cometa, criou um clima de pânico à escala global.
Curiosamente, o que está na origem de todo o alarido são descobertas científicas fidedignas. Pela primeira vez, os astrónomos identificaram os elementos químicos de um cometa, incluindo os componentes venenosos, e a informação saltou para a Imprensa. Houve tentativas de explicar que, mesmo ao aproximar-se mais da Terra - na noite de 18 para 19 de Maio -, o cometa não envenenaria ninguém, mas o estrago estava feito. O que aconteceu a partir daí foi uma bola de neve de superstições, especulação e exploração comercial e religiosa.

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